terça-feira, agosto 30, 2011


“Os Garotos Perdidos” (Joel Schumacher)



Longe do Batman, Joel Schumacher consegue acertar de vez em quando. Principalmente quando é produzido pelo Richard Donner – inclusive usando footage do primeiro teaser do primeiro “Superman”.

“Garotos Perdidos” é absurdamente anos 80, na trilha, no figurino, nas expressões. E na diversão, por que não?

Afinal, com uma boa dose de despretensão, o filme consegue reciclar os clichês vampíricos, entregando alguns sugadores de sangue jovens, rebeldes, cheios de pose e com um péssimo gosto para roupas. Mas que realmente gostam de atacar jugulares e não brilham ao sol...

A trama flui sem excessos, alternando bons e ótimos momentos, até um clímax bem engendrado.

Terror juvenil como nunca mais se fez. Pena.

Postado por Nery Nader Jr às 16:01

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The Lost Tapes



Mais um texto do passado deletado do MegaZona:



No Semáforo



Pare e preste atenção: o carro ao lado sempre tem mais do que parece trazer. Pode ver: na boléia ou no banco vizinho, atrás ou na frente, todo mundo mostra que todo mundo é igual, um a Dolly do outro. Confira: tudo que é homem tira tatu do nariz; tudo que é criança faz careta no vidro; tudo que é bebezinho dorme; tudo que é boy aumenta o volume do som (aliás, quanto melhor o som do carro, pior o som no carro). Mulher que é gozado. De motorista, todas ostentam um ar compenetrado. E de passageira, são várias faces a perceber: tem a com ar de maria gasolina; tem a da cara de mal; tem a de jeito que brigou e quer matar o homem na direção (quer matar, mas não mata, porque senão perde a carona). E por aí vai. Pois é. Comece a notar isso. Mas não agora, que o sinal abriu.

Autor Ausente: Nego Lee (Maio de 2003)

Postado por Nery Nader Jr às 15:31

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segunda-feira, agosto 29, 2011


"Machete" (Robert Rodriguez)



Eu sempre gostei do jeito descompromissado de fazer cinema do Robert Rodriguez. Meio tosco, meio bobo, meio deslumbrado. Mas geralmente decente. E divertido.

Por conta disso, me surpreendi desgostando de “Machete”. O filme é tudo que eu disse acima, mas há um certo ranço que elimina o sabor da diversão. Uma certa despretensão pretensiosa. Um certo exagero calculado.

Talvez “Machete” devesse ser só o trailer fake de “Grindhouse”. Sem tantas subtramas emboladas. Sem tanta pose. Sem tanto destempero.

Tipo “ A Balada De Um Pistoleiro”. Tal filme tem exagero, explosões e câmeras lentas. Mas há um certo sentimento natural de se fazer cinema mexploitation que, agora, quando Rodriguez deu nome aos bois, ficou demais...

Postado por Nery Nader Jr às 10:41

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terça-feira, agosto 23, 2011


"Super 8" (J. J. Abrams)



Poucos sabem ser reminiscentes sem serem condescendentes. E sem abusarem demais na reverência.

J. J. conseguiu. E nos entregou o seu melhor filme. Um filme apaixonado pela sétima arte e pelo jeito certo de se fazer filmes. A história, simples, consegue dosar drama, suspense, perseguição, ficção e ação como poucas. Quase como Spielberg fazia na época em que este filme se passa. Claro que sobram referências e homenagens, mas tudo é sutil e bem inserido no contexto.

O fato é que esta oportuna releitura de clássicos da cinematografia juvenil é deliciosa e consegue inclusive carregar na emoção, já perto do fim. E sem melar a dose. Por conta disso, a despedida do colar se revela exemplar e merece figurar nas antologias de melhores cenas do cinema em 2011.

Postado por Nery Nader Jr às 16:48

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segunda-feira, agosto 22, 2011


The Lost Tapes



O MegaZona surgiu em maio de 2003. E por um ano, viveu no blogger ponto com ponto bê érre. Até ser despejado.

Montamos casa nova, mas nosso arquivo velho foi 
sumariamente deletado daquele sítio, sem aviso prévio.

Por sorte, arquivamos tudo em nossos servidores superpoderosos. Entrementes, aquelas cousas lá postadas não mais estavam acessíveis na sensacional rede mundial de computadores.

Eis a razão, então, para tal resgate. Afinal, temos textos que merecem uma segunda chance. Pelo menos para que nossas mães possam reler mais uma vez.

E pra começar, vamos de:



Réquiem Para Um Anjo



Caiu, erguendo uma nuvem de pó, um anjo de asas brancas como só em filme se vê - e filme B. Assustado, saiu do buraco que ele mesmo fez quando despencou lá do céu. Não sabia, e quiçá nunca saberá, que pecado mortal cometeu para sentir o ódio de Deus. Andou (sem poder voar, andar era o que lhe restava) e chegou até uma lanchonete. Sentiu um cheiro bom e entrou, deixando a gorda garçonete de olhos bem grudados no seu membro balançante e angelical, que veste nenhuma cobria, posto que só nudez ele vestia. E neste momento uma dúvida milenar se viu elucidada: os anjos são homens - ou pelo menos este é.

A gorda garçonete, com seu olhar guloso, traz um sanduíche de mortadela para o anjo, e este prova com curiosidade a comida dos mortais. O cozinheiro, ao ver o violento atentado à moral que o seu cérebro de pulga denuncia, despeja o pobre ex-espírito celeste, não sem antes lhe arrancar as asas com um cutelo de carne. O anjo sente a dor pela primeira vez e conhece a cor do seu próprio sangue, e eis que é vermelho igual ao do mundo inteiro.

Chora o anjo sem saber o que é chorar e uma menina se aproxima e chora também por reconhecer aquele que cuidou de sua alma antes dela nascer. E o anjo, retendo as lágrimas, abraça e beija a menina, enquanto alguém noutra rua ora o chama de tarado, ora chama a polícia.

Ele corre, com a menina nos braços, seguido por um policial, seguido por uma multidão que quer ver o sangue vermelho - igual ao do mundo inteiro - do jovem anjo rebelde.

E logo um tiro, daqueles que exigem silêncio do mundo ao redor, por entoar uma marcha fúnebre que sai da arma chegando até o corpo mirado, explode nas costas do anjo, que sente o chão subir de encontro à sua cabeça.

Morrendo, o anjo confuso olha a menina e sorri, como só um anjo sorriria num momento de tal agonia. E ela, olhando com a memória, abraça o anjo-quase-pai-quase-deus e fala entre soluços:

- Seu anjo, muito obrigada por cuidar tanto assim de mim.

E morre como Homem o anjo, com um sorriso nos lábios. E se vai pro céu eu não sei, mas quem sabe disso afinal?

Autor: William Wilson (Maio de 2003)

Postado por Nery Nader Jr às 15:58

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quarta-feira, agosto 17, 2011


Desespedida



Alguma coisa se perdeu, disse ela. E ele, com olhar descrente, achou que ela estava exagerando. O que seria?, perguntou ele em tom provocativo. Não sei, respondeu ela dando de ombros. Só sabia que se equilibrava nos escombros do que antes era uma vida a dois. Mas não havia mais vida. E não eram mais dois. Até por isso, ao seguirem um pra cada lado, só estariam enfatizando o que já existia veladamente: um pra cada lado. Adeus, disse ela. E partiu sem ouvir a resposta que ele murmurou. Um “fica” tão fraco que não foi capaz de convencer nem mesmo a si próprio.



Postado por Nery Nader Jr às 11:04

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terça-feira, agosto 16, 2011


“Invasão Do Mundo: Batalha De Los Angeles” (Jonathan Liebesman)



Quem não gosta de filmes em que ETs invadem o planeta, detonando tudo e todos?

Pelo jeito, os produtores deste filme...

Filme que já começa de forma rasteira, mas ainda decente. Conhecemos os heróis, muitos dos quais já sabemos de antemão que vão dançar até o fim do filme. Vemos os ETs chegando, causando perplexidade e minando as esperanças. Vemos gente morrendo, soldados perplexos e alguns poucos ETs escondidos sobre uma cortina de fumaça.

Mas então, eis que os mariners que o filme decide acompanhar de repente ganham superpoderes e se tornam imortais. E descobrem como destruir o comando central dos ETs. E dão discursos capazes de fazer corar o presidente vivido por Bill Pullman em “Independence Day”. E, ao voltar pra base, tomam uns goles de água, recarregam as armas de mil tiros e retornam ao combate. Ah, vá...

Postado por Nery Nader Jr às 11:47

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segunda-feira, agosto 15, 2011


"Heavy Metal - Universo Em Fantasia" (Gerald Potterton)



A primeira vez que este pseudo-crítico cinematográfico que vos escreve assistiu a "Heavy Metal - Universo em Fantasia" foi na adolescência, num daqueles arcaicos videocassetes bipartidos (de um lado você dava "play", do outro ajustava o relógio). As diferenças continuavam na forma de alugar os filmes: mais de 90% dos títulos disponíveis eram piratas. E foi através de uma cópia mequetrefe que eu, um adolescente imberbe, mas com muitas espinhas na cara para compensar, me deparei com este universo em fantasia, repleto de elementos fascinantes para um guri de 15 ou 16 anos: mulheres nuas, cenas de sexo, violência e rock and roll - e tudo isso num desenho animado!

Alguns bons anos atrás, o filme voltou aos cinemas, e eu tive a oportunidade de revê-lo, agora sob uma nova ótica e uma nova dimensão (a da tela do cinema). Confesso que foi meio frustrante: a animação me pareceu tosca, as músicas datadas, o ritmo truncado.

Dias atrás, entretanto, pude re-rever "Heavy Metal - Universo em Fantasia" de uma forma totalmente descompromissada, e acabei gostando do que vi.

A animação é melhor do que eu supunha, com momentos criativos, realistas e de boa qualidade técnica. Algumas músicas soam mesmo datadas, mas outras, como as do Black Sabbath, do Devo e até do Cheap Trick se inserem muito bem às cenas. E algumas histórias se revelam curiosas, inventivas e interessantes.

Pra quem não sabe, o filme é uma somatória de pequenas histórias, todas baseadas ou inspiradas em aventuras e personagens da revista americana de quadrinhos adultos "Heavy Metal". Estas histórias são amarradas através de um elemento em comum, uma esfera verde chamada "Locnar", que representa a essência do mal.

A introdução, que serve também de fio condutor para todo filme, mostra um astronauta saindo de um ônibus espacial na boléia de um carro conversível (!). Tudo embalado pelo mais puro rock and roll. Ao chegar em casa, o astronauta mostra para sua filha o presente que ele trouxe do espaço, a tal bola verde Locnar, que passa a contar a sua história.

O que vemos a seguir são aventuras fantásticas com os mais diversos traços. A primeira, tentando resgatar um certo clima noir (ainda que com desenhos bem coloridos), narra as desventuras de um motorista de táxi de uma Nova Iorque futurista. Ele se vê envolvido com gângsteres venusianos, policiais corruptos e uma gostosona carregando o Locnar a tiracolo. O segundo episódio nos transporta, junto com um nerd americano, para um mundo distante, onde a bola verde é cultuada (e onde as mulheres são gostosas e vivem com os peitos de fora). Em seguida, acompanhamos o julgamento espacial de um crápula boa-pinta chamado Capitão Stern. A história de número quatro (a melhor de todas) é de terror, sendo ambientada num bombardeiro da Segunda Guerra Mundial. Temos ainda um episódio amalucado, onde uns ETs chapadões sequestram uma secretária do Pentágono. E, por fim, acompanhamos a aventura mais épica (e longa), onde, num mundo indefinido, uma horda de bárbaros destrói uma civilização pacífica, obrigando Taarna, a última Tarackiana do universo, a se vingar.

Descontadas algumas imperfeições, vacilos e partes chatas, o saldo final é extremamente positivo, principalmente pra se ver assim, quando o único compromisso é se divertir.

Postado por Nery Nader Jr às 14:31

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sexta-feira, agosto 12, 2011


“30 Dias De Noite” (David Slade)



Gostei. Não conhecia o gibi, mas gostei do filme mesmo assim. Consegue ser dinâmico quando precisa, sabe segurar os ânimos às vezes, dá uma boa delineada nos sobreviventes, usa bem os espaços e abusa do sangue quando deve.

E o melhor: mostra vampiros que tem fome. E matam. E devoram. E contam com 30 dias e uma cidade inteira pra servir de aperitivo. E de lanche. E de almoço. E de chá da tarde. E de jantar. E de ceia.

Postado por Nery Nader Jr às 17:24

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quinta-feira, agosto 11, 2011


Discografia Nada Básica - “Greetings From The Gutter” (Dave Stewart)



Existem discos malditos. Existem discos pop. E existem discos que tinham tudo pra ser pop e ostracismaram de serem malditos. Ou perto disso.

Como “Greetings From The Gutter”, de Dave Stewart. O disco é pop até a medula, por vezes dançante, por vezes deprê, por vez básico, por vezes exagerado. Mas nunca menos do que pop. E mesmo assim, quase ninguém o conhece. Nem hoje, nem há quase 20 anos, quando a bolacha foi lançada.

Para mim, o disco é uma ópera-rock sobre desamor, rancor e dor. Mas pode nem ser. Nunca li a respeito. Ninguém sabe de nada.

Só sei que as canções estão repletas de referências, sweet dreams, backing vocals famosos (Mick Jagger, por exemplo!), reverberações, cacos de coisas que eu nem sei direito o que são e por aí vão...

Vamos então às faixas:

- Heart of Stone – um riff genial abre este puta disco, dentro de uma canção totalmente disco. E com um belo clipe.

- Greetings From The Gutter – Soturna como deve ser, em vista do nome. E com um refrão meio gospel, meio esperançoso, meio deslocado. Sem falar das referências vocais insuspeitas, de Bowie a Annie Lennox.

- Crazy Sister – canção dançante, groovy mesmo, com guitarra rascante e letra psicotrópica.

- Chelsea Lovers – baladaça. Piano, coro feminino, solo de guitarra, bateria marcante... tudo destruído por uma letra sinistra sobre amantes chapados.

- Jealousy – Outra canção grooventa. E saborosa. Destaque para Bootsy Collins na guitarra acústica, baixo e batera e para Bernie Worrell nos teclados. Já o clipe tem apenas Isabella Rossellini e Kevin Spacey...

- St Valentine’s Day – violinos, solo de guitarra chavão de banda metaleira clichê, órgão, melodia agradável, ondas do mar, coisa doida e divertida de se ouvir.

- Kinky Sweetheart – a mais viajandona e chatinha do disco. Tem participação da Laurie Anderson – e tem cara de Laurie Anderson também.

- Damien Save Me – Rockão com guitarra wah-wahzada, teclado velhaco, percussão potente, piano maneiro, saxofone decente, coro feminino na medida e uma letra que vai fundo na autocomiseração.

- Tragedy Street – roquinho comercial, com refrão grudento, que parece ter sido surrupiado dos anos 80, provavelmente de uma banda chamada Eurythmics.

- You Talk A Lot – um clima meio pinkfloydiano, talvez pelo solo de guitarra a la David Gilmour no meio. Ou pelo saxofone meio Dark Side. Já o solo final foi cortesia de Lou Reed mesmo, sem referências ou intermediários.

- Oh No, Not You Again – canção onde Dave exorcisa os seus último demônios, inclusive com um bate-boca no final pra lá de divertido. E ácido. Como todo disco.

Postado por Nery Nader Jr às 15:23

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quarta-feira, agosto 10, 2011


“Tucker & Dale Vs Evil” (Eli Craig)



Quanto menos você souber sobre este filme, melhor ele será. Por isso, vou me limitar a alguns poucos comentários rápidos e rasteiros.

Primeiro: o filme é uma grata surpresa. Consegue subverter clichês e usar o estilão “comédia-de-erros” com maestria. E mesmo que você consiga ver algumas piadas chegando, elas ainda assim mantêm a graça. Eu, há tempos, não ria tanto com um filme.

Segundo: não se engane. O bom-humor do filme não o isenta de uma sanguinolência absurda. E necessária. E divertida.

Terceiro: Alan Tudyk e Tyler Labine, que fazem respectivamente Tucker e Dale, são ótimos. É claro que ambos são ajudados pelo roteiro genial, mas mesmo assim...

Quarto: sobra espaço até para uma história de amor. E daquelas em que você torce de verdade pelos pombinhos.

Quinto: despretensão é sempre a solução para garantir a diversão.

Postado por Nery Nader Jr às 15:38

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terça-feira, agosto 09, 2011


Loop



Seguiu em frente, acreditando nas gentes que encontrava. Às vezes se ferrava. Outras tantas, nem tanto. E assim, foi além de si. Chegou aonde não devia. E descobriu que dali pra diante não mais poderia ir. Nem voltar. Nem fazer o que quer que fosse. Ficou parado então, por mais tempo do que todo tempo que jamais teria se estivesse em qualquer outro lugar que não aquele. E nada mudou. Até que um dia, quem diria, fez de conta que não estava lá. E não estava mais lá. Voltou ao ponto de partida. E seguiu em frente, acreditando nas gentes que encontrava.


Postado por Nery Nader Jr às 17:05

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quarta-feira, agosto 03, 2011


"Psicose" (Alfred Hitchcock)



O que falar diante do filme perfeito? O que falar que já não tenha sido dito, escrito, visto, revisto, analisado, decupado? O que falar para não soar repetitivo?

Suponho que o melhor mesmo seja calar essa minha boca-dois (situada na ponta dos dedos), ficar quietinho e simplesmente dizer: revi "Psicose".

Mas não consigo. Tenho essa vontade idiota e incontrolável de dizer para a multidão de 10 ou 12 que visitam o MegaZona semanalmente, ou mais especificamente para os 2 ou 3 que ainda estão lendo este texto chato, que "Psicose" é muito bom. Que não existe um minuto/segundo/fotograma desperdiçado. Que cada enquadramento, diálogo, silêncio ou intervenção da trilha do Bernard Herrmann é sublime, evidenciando uma perfeição irritante.

Mas como tudo isso é chover no molhado, me atenho a algumas reminiscências. Lembro do pavor que senti quando vi "Psicose" pela primeira vez, na TV (é, na TV, porque naquele passado longínquo os filmes em vídeo eram poucos e raros). O fato é que fiquei morrendo de medo do Anthony Perkins. O seu olhar insano ao final do filme me persegue até hoje.

Acho que "Psicose" foi o meu primeiro Hitchcock. E mesmo sendo um piá de bosta, que nada entendia de cinema (não que agora eu entenda), fiquei impressionado com a capacidade do velho gordão de manter o suspense durante todo o filme.

Hoje, após uma recentíssima revisão, só posso dizer que o filme é perfeito. Adoro a cena inicial, os diálogos (todos), o suspense crescente até Marion Crane chegar ao Bates Motel, seus pensamentos em voz alta, imaginando tudo que os outros vão pensar, o momento (e o louco movimento de câmera) quando Arbogast sobe a escada, e ainda a cena em que o carro afunda no pântano e para para que Anthony Perkins transmita, em frações de segundo, medo, angústia, alívio e soberba. Falando em soberba, da cena do chuveiro eu nem falo, de tanto que já falaram dela, com muito mais habilidade e minúcia do que eu.

Só de falar do filme, já dá vontade de revê-lo mais uma vez. E isso é o melhor elogio que consigo imaginar para um filme.

Postado por Nery Nader Jr às 16:11

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segunda-feira, agosto 01, 2011


“Capitão América: O Primeiro Vingador” (Joe Johnston)



Quem não é americano (do norte, que fique bem claro) adora falar mal da América (do Norte, que fique bem claro), do imperialismo americano e do próprio fato de que América, pra eles, é só a deles.

Por conta disso, um filme de um cara que se chama Capitão América e que faz da bandeira do país um uniforme é um prato cheio para que o resto do mundo torça o nariz.

Mas quem conhece o Capitão América dos quadrinhos - desde a sua origem utópica, com objetivo propagandístico claro de combater o Eixo e elevar a moral das tropas e de toda população (e de vender gibis também, claro), passando pelo renascimento perpetrado por Stan Lee, quando o herói do sonho americano surge deslocado nos contestatórios anos 60 - sabe que o Capitão representa quase nada da Instituição-América, e muito do tal sonho americano que, convenhamos, pode ser o sonho de qualquer nação, ou de todas.

O Capitão América deslocado no tempo encarou o fiasco do Vietnã, do Watergate, do Irã-Contras, dos Reagans, Clintons e Bushs da vida, e se opôs a tudo o que, teoricamente, significava a América para os manipuladores da mesma.

Mas quem é que sabe disso tudo ao ir pro cinema ver “Capitão América”? E quem precisa saber? Ninguém. E é por isso que o filme precisa ser completo em sua pretensão, sem contar com os fãs do herói de poucos fãs. E, de certa forma, o filme consegue posicionar o herói de forma favorável para o mundo como um todo. Primeiro por ambientar a origem no tempo certo. O Capitão América só poderia surgir, como é, nos anos 40. Contra um inimigo que representa o ataque à liberdade do mundo inteiro. E é com essa inocência e simplismo inicial que o filme desenha os princípios éticos de Steve Rogers, onde a integridade e a vontade de fazer o que é certo superam a força física. E é isso que, em tese, caracteriza o Capitão América.

A manipulação do símbolo surge logo em seguida à transformação. E é só depois, ao se ver como marionete, que Steve volta a ser o herói que era. E o líder que precisa ser (ainda mais levando-se em conta o filme dos Vingadores).

O tom do filme é correto. Não é profundo ou complexo, mas garante uma boa diversão, com um clima aventuresco que evita arroubos de efeitos e feitos. E que se mantém fiel às origens do herói.

É claro que o grande trunfo de Stan Lee, ao deslocar o herói para o futuro (dele) e presente (nosso) fica para o filme do supergrupo da Marvel – espero mesmo que esta inadequação seja bem trabalhada. Mas de qualquer maneira, no filme atual, a quebra final funciona mesmo sem gancho. Mesmo que na cabeça da gente.

P.S.- Curioso é ver como o mundo está ficando cada vez mais nerd, por conta do número absurdo de pessoas que, na sessão em que eu estive presente, esperou o fim dos créditos para ver o trailer de “Vingadores”.

Postado por Nery Nader Jr às 16:22

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