segunda-feira, março 28, 2005


E aí, ganhou muita coisa do coelhinho? Eu ganhei uma gripe.

Postado por Nery Nader Jr às 10:37

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quinta-feira, março 24, 2005


A Tira Mais Triste De Todos Os Tempos



Bill Watterson, provavelmente acometido pela Síndrome de Bartleby, teve publicada sua última tira de Calvin & Haroldo em 31 de dezembro de 1995, e nunca mais publicou um desenho sequer de sua maior criação. Desde então Watterson vive recluso com a esposa em Chagrin Falls, Ohio. Não vai a convenções de quadrinhos, não assina autógrafos, não concede entrevistas e ainda solicitou à Universal Press Syndicate, que distribui mundialmente as tiras de Calvin & Haroldo, para que ela não lhe encaminhasse mais correspondências de fãs. É inevitável comparar suas atitudes com as tomadas por escritores como J. D. Salinger, Raduan Nassar ou Juan Rulfo, que espontaneamente abdicaram da literatura e foram cuidar de suas próprias vidas; que eles sejam felizes, porque merecem.

Quanto à tira publicada acima, é preciso dizer que ela não foi desenhada por Bill Watterson. Encontrei-a em uma comunidade de fãs de Calvin, e infelizmente desconheço o seu autor. É, para mim, a mais triste, mas também uma das mais belas tiras que já vi na vida, por toda a riqueza de significados que ela apresenta. Poderia tergiversar horas sobre o universo de Calvin, amigos imaginários, conformismo social ou as asas que desaprendemos a usar. Mas, por ora, limito-me a citar as últimas palavras do último quadrinho desenhado por Watterson:

- "It's a magical world. Hobbes, ol' buddy... let's go exploring!"

(Post original roubado do genial xará Inagaki. Dica enviada por e-mail pelo grande Rodrigo Jardim.)

Postado por Nego Lee às 18:17

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quarta-feira, março 23, 2005


O Bombom Do Homem Mau



Tudo que a vida lhe dera de bom fora um bombom - e nem era um bombom muito bom tipo sonho de valsa branco, mas um bombom tipo aqueles preteridos dentro de uma já sem-graça caixa de bombons Neugebauer.

Por isso, optara por ser mau. Mau mesmo. Com cara de mau, olho de vidro, perna de pau, espada na cinta, ginete na mão. Ou gilete. Ou navalha. Ou faquinha, que seja.

E roubava. E pilhava. E esfaqueava quando não lhe davam o relógio a tempo. Às vezes até atirava: pra cima, pros lados, e até pro meio das banhas daquele gordo que tentou reagir. Se morreu não sabe, mas que sangrou feio, sangrou.

Só que o gosto de tudo que fazia não tinha gosto algum. E o único gosto que voltava à sua boca, de tempos em tempos, era o gosto daquele bombom da infância, quando pedia trocados e recebeu em troca, num dia qualquer, um bombom qualquer.

Depois que começou a roubar, teve dinheiro roubado para comprar muitos bombons. Mas nenhum tinha o gosto daquele. Eram todos amargos e quase podres por dentro.

Então, num dia igual a tantos outros ele armou um assalto a mão armada. Invadiu a vendinha do velho Valdemar aos gritos de "Mãos ao alto isso é um assalto". Tirou tudo que pôde da velha registradora. Foi quando olhou o baleiro. Em meio a sete belos e hortelãs, vislumbrou o bombom da sua infância. Quis não dar importância. Amargo e podre como os outros, pensou. Mas olhou. Tanto que até tirou os olhos do velho Valdemar.

Era sabido, em todo o bairro, que o velho Valdemar, depois de sofrer com tantos assaltos à sua vendinha, guardava uma espingarda feita escopeta debaixo do balcão. Mau sabia disso também, mas permanecia com os olhos vidrados no bombom. E o velho Valdemar, sem que ninguém consiga explicar, não pegou a escopeta. No lugar, abriu o baleiro e entregou o bombom ao Mau ladrão.

Antes do gosto veio o cheiro. Doce. Puro. Único. E o sabor se fez presente. Doce. Puro. Único.

A polícia entrou atirando. Mau caiu, mas o papel laminado do bombom flutuou como uma pluma até mergulhar na poça de sangue que só fazia aumentar, cobrindo de vermelho todo chão. Mau sorria um sorriso doce. E aquele gosto ficou na sua boca por mais tempo do que a morte, até.

Postado por Nery Nader Jr às 15:18

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sexta-feira, março 18, 2005


Bem Pensata



"E aí? Foi no... Lenny Kravitz? Eu tenho um amigo que viu o cara três vezes. E odiou as três."

É por essas e (muitas) outras que eu gosto do Lúcio Ribeiro.

Postado por Nery Nader Jr às 18:30

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Entre



Ando lendo entrelinhas.
Ando querendo entretantos.
Ando divagando, entrementes.

Postado por Nery Nader Jr às 17:56

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Oração Do Dia

"Dojo Kun: 1 - (Hitotsu) Jinkaku kansei ni tsutomuru koto. 2 - (Hitotsu) Makoto no michi o mamoru koto. 3 - (Hitotsu) Doryoku no seishin o yashinau koto. 4 - (Hitotsu) Reigi o omonzuru koto. 5 - (Hitotsu) Kekki no yu o imashimuru koto."*

* "Lemas do Karatê: 1 - Esforçar-se para a formação de um caráter saudável. 2 - Ser fiel para com o verdadeiro caminho da razão. 3 - Desenvolver a persistência e o esforço. 4 - Respeitar acima de tudo. 5 - Conter o espírito de agressão."

Postado por Nego Lee às 11:17

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quinta-feira, março 17, 2005


Barbooooosa...

Postado por Nego Lee às 17:33

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quarta-feira, março 16, 2005


"Constantine" (Francis Lawrence)



Cada HQ tem um clima. E eu sinceramente acho que para cine-adaptar decentemente uma HQ é preciso captar e reproduzir este clima.

Até hoje não acertaram a mão no clima dos filmes do Batman, por exemplo. Mas não vou perder as esperanças antes de ver "Batman Begins".

Não pense que o clima de uma HQ é fruto do trabalho e da criatividade de seus autores. É também, mas nem tanto assim. O clima que você imagina para um filme do Batman não tem a ver apenas com o que o Frank Miller criou para o Batman. Na verdade, este clima é anterior e posterior a este, e qualquer outro autor. O clima existe, antes de tudo, na sua cabeça. Você tem uma Gotham City pré-concebida em sua mente. Existe um mapa emocional empoeirado e desconexo perdido entre seus neurônios, apontando de forma imprecisa onde estão a Mansão Wayne e o edifício da chefatura de polícia com o Bat-Sinal. E o cais do porto. E aquele banco que acaba de ser assaltado. E o beco do crime.

Mais do que o mapa, sua mente também apresenta resquícios do cheiro das ruas, da temperatura da chuva, do tom de escuridão de cada esquina escura. O que o desenhista do Batman faz é revelar um fragmento disso tudo. Mas o todo existe além dele, e só pra você.

E é assim também com a Cozinha do Inferno, os arranha-céus de Metrópolis, os pântanos da Louisiana, a Londres futurista de Codinome V.

E é assim também com a caracterização de cada personagem. Você sabe como o Batman, o Alfred, o Comissário Gordon ou o Coringa vão agir. Você sabe sentir o que cada um está sentindo. E sem raciocinar para tanto.

Suponho que seja por conta disso que alguns autores nos agradam tanto e outros tantos permanecem na mesmice. É preciso saber fazer os personagens agirem como eles mesmos. A criatividade então será responsável pelas situações inusitadas, por testar os limites de heróis e vilões, por criar o inesperado, ou o esperado visto por um ângulo enviesado.

Quadrinhos, mesmo não sendo literatura, exigem mais da imaginação do seu leitor do que o cinema exige do seu espectador. Por isso mesmo a necessidade, no cinema, de recriar o clima certo. Não apenas para quem lê quadrinhos e espera pelo clima certo, mas também para quem passa longe dos gibis e quer uma boa história, com um bom clima.

Dito tudo isso, "Constantine" tem clima. E dos bons, pois consegue recriar a atmosfera perfeita dos gibis "Hellblazer". Mesmo tirando John Constantine da Inglaterra e jogando-o em Los Angeles, mesmo escurecendo as suas madeixas loiras, mesmo fazendo uma cirurgia plástica capaz de deixar o Sting com cara de Keanu Reeves, mesmo assim o filme é altamente compatível com as HQs do personagem.

É claro que o hollywoodismo não deixa de aprontar das suas, com alguns clichês de filmes de terror, mais algumas frases de efeito, mais uma improvável seqüência de ação armada estilo "atire muito antes e nem pergunte depois". Mas nada tão comprometedor assim.

O fato é que "Constantine" tem clima. O personagem mantém suas características. É sarcástico e babaca - ainda bem. E encontra-se com demônios com a mesma naturalidade com que eu me encontro com o flanelinha que cuida dos carros aqui na frente da "firma". Keanu Reeves encarna decentemente o mais legal anti-herói dos quadrinhos. E passa longe da perplexidade abobalhada do Neo-Matrix. Logo de cara ele consegue mostrar que o seu Constantine entende pra caralho do riscado. Só faltou mesmo o capotão bege para uma identificação melhor e mais rápida. Além disso, o filme ganha pontos também com o surrealismo de personagens interessantes e bem encarnados, como Papa Meia-Noite, Gabriel, Balthazar e Chas (que virou um sidekick, mas sem ser impertinente demais como os demais sidekicks).

O diretor Francis Lawrence não reinventa nada, mas conduz decentemente a trama, com direito a algumas composições legais de cena (propositalmente simétricas), mantendo a ação e o suspense sob controle, sem exagerar demais nos efeitos especiais, no ritmo e nas interpretações (o que deve ter sido tentador dado a natureza de alguns personagens).

E por fim, vale dizer que o final do filme é diabolicamente bom, mesmo permeado pelas baboseiras clássicas envolvendo danação e redenção. Novamente e finalmente, o tal clima conta altos pontos e fecha bem o que começou bem. "Constantine" é um filme-pipoca dos bons, redimindo a DC do risível "Mulher-Gato" e abrindo espaço para o Homem-Morcego ditar as regras daqui pra frente (espero).

Postado por Nery Nader Jr às 18:06

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domingo, março 13, 2005


Gú-Go!

Plantão mérdico: olha buscando o quê o pessoal acaba caindo no nosso blog. Ah, moleque...

Postado por Nego Lee às 23:25

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sexta-feira, março 11, 2005


"Código 46" (Michael Winterbottom)



O que seria da ficção científica sem as distopias? Que graça teria o futuro se daqui por diante tudo fosse divino maravilhoso? Se o amor fosse permitido em 1984? Se os andróides não questionassem a sua existência diante de um tal Deckard incumbido de matá-los? Se Alphaville fosse só um belo nome para condomínios residenciais de miliardários?

As distopias criam atritos, nos fazem pensar o hoje e questionar o daqui a pouco, principalmente diante da onipresença de câmeras de vigilância, clones de ovelhas, inteligências artificiais, genomas decifrados, manipulados e aprimorados.

Meu primeiro contato com uma distopia, vejam só, foi num gibi da Disney. Nessa história, que eu não lembro o nome, o Professor Pardal criava uma nova Patópolis, totalmente automatizada. Ninguém precisava trabalhar, já que robôs faziam tudo. Ninguém precisava ir à escola, já que o conhecimento era adquirido dormindo. Só que todo mundo vivia entediado. A vida tinha perdido a graça. E o bom Professor se via obrigado a desfazer o seu mundo perfeito.

Desde então, para mim, o futuro nunca mais foi como era antigamente. Talvez por isso as distopias tenham se tornado a parte mais legal da já legal ficção científica. E o cinema, como quase sempre, se revelou o melhor veículo para retratar o futuro negro que nos espera. Bons exemplos não faltam: "Metrópolis", "Fuga Do Século 23", "Farenheit 451", "Laranja Mecânica", "O Planeta Dos Macacos", "THX 1138", "Brazil - O Filme", "Gattaca" e muitos outros, inclusive os que sub-repticiamente citei no início do post.

Pra aumentar essa bela lista, a mais recente ficção científica em cartaz na cidade, até ontem, também é uma distopia, conhecida como "Código 46", produção inglesa de 2003, da mesma turma de "A Festa Nunca Termina".

Neste futuro os carros não voam e as armas não cospem laser. É tudo muito mais plausível, simples e cotidiano. Apenas pequenas inovações voltadas ao dia-a-dia das pessoas, com o simples objetivo de facilitar a vida de todos. Ou não. Afinal, em larga escala, esse futuro não é nada bom. Grande parte da população vive exilada nos desertos, enquanto poucos privilegiados vivem nas cidades isoladas. E para ir de um lugar a outro é preciso um salvo-conduto específico. Tudo controlado por uma grande e poderosa corporação. É aí que o William do Tim Robbins entra, investigando um caso de fraude dos tais salvos-condutos. Quase ao mesmo tempo, ele acaba se envolvendo com Maria (Samantha Morton), uma das, digamos assim, suspeitas.

O início do filme é muito promissor. A fotografia é caprichada, com belos amarelos, laranjas e azuis. A edição é modernosa, dissociando os diálogos das ações em alguns momentos. A criação de uma Xangai futurista é muito eficiente, valendo-se apenas de construções tubulares e/ou envidraçadas + highways desertas + planos inusitados da cidade e dos edifícios. A inclusão de expressões em várias línguas no inglês do filme ajuda a visualizar ainda mais este futuro globalizado. E a trilha sonora é maravilhosa, com destaque para um Coldplay matador no final e aquela que, para mim, é a cena do ano: um Mick Jones acabadão cantando "Should I Stay Or Should I Go" num karaokê.

Mas temos os poréns. Tim Robbins está apático demais, atuando quase que no piloto-automático. Tudo bem que o seu personagem não é um exemplo de atividade e iniciativa, mas o estilo fatalista-blasé ficou meio forçado, enfraquecendo a trama. Já a Samantha Morton é meio sem sal demais para uma paixão arrebatadora, independente das explicações genéticas. Não quero dizer que precisaríamos de uma Catherine Zeta-Jones, mas de alguém com um pouquinho mais de appeal. Finalmente, não gostei do final. Nada contra finais assim, só achei que, no decorrer da história, as coisas confabulavam para um desfecho diferente, principalmente pelo misticismo inicial do sonho recorrente da Maria e pela forma intuitiva como William se apaixona.

Mesmo com tais contras, sou plenamente a favor de filmes assim, que criam futuros plausíveis e polêmicos, com muito cérebro e pouca adrenalina - adrenalina esta que já temos demais da conta, obrigado.

Postado por Nery Nader Jr às 18:16

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Enquanto Uns Oram, Outros Falam De Pecado...



...ou, mais especificamente, da Cidade Do Pecado. Confira o segundo trailer de "Sin City". E veja também uma comparação maneira entre as ilustrações dos quadrinhos e as fotos do filme. Mais fiel impossível.

Postado por Nery Nader Jr às 15:12

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Oração Do Dia

"Ó, Deus, que destes ao presbítero São Bernardino de Sena* ardente amor pelo Nome de Jesus, por seus méritos e intercessão, acendei sempre em nossos corações a chama da vossa caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo."

* Padroeiro dos Publicitários (sabe Deus porque/porquê/por que/por quê), rogai por mim, arrumai um empreguim e trazei de volta a mulher amada etc e tal, que eu ajoelho, rezo e prometo que um dia eu lhe agradeço a graça alcançada de um jeito legal. Ih, rimou.

Postado por Nego Lee às 10:35

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segunda-feira, março 07, 2005


Às Compras



Hoje em dia você pode mesmo comprar de tudo pela web, desde um pingüim ou uma tampa de privada para masoquista até um carro crivado de balas ou uma bíblia autografada por Deus.

Postado por Nery Nader Jr às 18:12

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Minhistória

O homem teve três amores na vida: uma morreu; a outra fugiu; a última (...).

Fim.

Postado por Nego Lee às 14:18

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Letras De Música Que Eu Posto No Meu Blog (Mesmo Sabendo Que Ninguém Lê Letra De Música Em Blog)



"The End" (The Doors)

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend
The end

Of our elaborate plans
The end
Of everything that stands
The end
No safety or surprise
The end
I'll never look into your eyes again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need of some stranger's hand
In a desperate land

Lost in a Roman wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby

Ride the snake
Ride the snake
To the lake
The ancient lake, baby
The snake is long
Seven miles
Ride the snake
He's old
And his skin is cold

The west is the best
The west is the best
Get here
And we'll do the rest

The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn
He put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived
And then he paid a visit to his brother
And then he walked on down the hall
And he came to a door
And he looked inside
Father?
Yes, son
I want to kill you
Mother
I want to fuck you

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock
On a blue bus
Doin' a blue rock
C'mon, yeah

Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend
The end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end

Postado por Nego Lee às 14:10

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Que Disco Mudou A Sua Vida?



Pergunta de efeito. Usada pra vender revista de música em momentos de entressafra criativa, seja dos músicos ou dos jornalistas. Faça-a para uma penca de artistas e deixe os pobres fãs mortais se identificarem ou se surpreenderem com as respostas.

Mas além do oportunismo barato da pergunta em questão é possível vislumbrar um (in)certo cerne composto de sensibilidade e significados ocultos. Atado a este fiapo de razão vasculho-me em busca do tal disco modificador da minha existência. E não é que ele existe? E não é que ele não é apenas um, mas alguns? Discos que realmente me arrancaram de um estado estagnado e me jogaram pr'outro lado, lapidando ouvidos, corações e mentes.

Por isso, este post não será o único. Falarei de mais discos no decorrer do período. Começo com "Psychocandy" do The Jesus And Mary Chain, porque dias atrás este disco voltou aos meus ouvidos e à minha memória, resgatando significados esquecidos.

Mas afinal, por que cargas d'água este disco significou tanto assim, a ponto de mudar a minha vida?

Bem, digamos que a microfonia e as lamúrias dos irmãos Reid abriram meus olhos para todo um rock'n'roll que não estava tocando nas rádios, numa era pré-Estação Primeira (a única rádio rock de verdade que Curitiba já teve) - quando toda rádio dizia que tocava rock, mas não ia além de Paralamas, Legião e Dire Straits.

Claro que eu não "descobri" The Jesus And Mary Chain. Foi tudo culpa da Bizz, suponho. Mas até mesmo a Bizz apostava em coisas ruins e não era sempre tão confiável assim. Por isso, grande parte da culpa de eu gostar dessa Corrente é minha mesmo, longe de outras opiniões. Aquilo fez a minha cabeça, além de detonar com os meus desavisados tímpanos. Tanto que o primeiro show internacional que eu vi na vida foi dos caras, no comecinho dos 90, suponho. O fato é que depois dessa muralha sonora de microfonias e poesias e melodias eu me vi caminhando pelo wild side do universo sonoro. Side esse de onde nunca mais saí, graças a Jesus (And Mary Chain).

Faixa a faixa. E som na caixa:

01. Just Like Honey - O disco começa calminho, calminho, com esta suave mas nem tão sutil balada-exaltação ao libidinoso e delicioso ato oral conhecido como cunnilingus. Recentemente, a música pôde ser ouvida na seqüência final (e também no trailer) de "Encontros E Desencontros".

02. The Living End - Peso, chiadeira, vocal gutural. Ainda hoje, com os ouvidos já calejados, a barulheira impressiona. "I'm moving so fast/ I'm moving so fast/Yeah, I'm going for a tree, yeah, it's going for me/My head is dripping into my leather boots."

03. Taste The Floor - Jim canta lentamente, enquanto a guitarra polui tudo com uma impressionante sujeira sonora. E quando o vocal pára a guitarra surge ainda mais barulhenta e pesada, se é que isso é possível. "I don't expect, I just accept/I'm happy in my box"

04. The Hardest Walk – "I never thought that this day would ever come/When your words and your touch just struck me numb". O vocal entra antes dos instrumentos nesta canção pop perfeita, com direito a solinho de guitarra e momento baixo-bateria-vocal.

05. Cut Dead - O que é que essa baladinha tão bonitinha está fazendo neste disco tão barulhento? Sei lá, só sei que ela é boa demais da conta. "Do I still shine/After such a lonely time".

06. In A Hole - Nessa o buraco é bem mais embaixo. Distorção total num verdadeiro pesadelo musical. "God spits/On my soul".

07. Taste Of Cindy - Outra popsong barulhenta, com destaque para a melodia grudenta, a ótima linha de baixo e o batuque tribal de Bobby Gillespie (é, o mesmo que depois fundaria o Primal Scream).

08. Some Candy Talking - Não lembrava dessa canção: outra suavezinha - suponho que pra minimizar um pouco os danos causados aos tímpanos por conta das sucessivas pauladas. Captei alguns ecos do Echo & The Bunnymen, principalmente no começo.

09. Never Understand - E por falar em paulada, essa é poderosa. Jim canta com suavidade, arriscando até um corinho tipo "a-ah-ah", tudo em meio a uma microfonia do caralho.

10. Inside Me - Entra o baixo, agora a guitarra... limpinha? Ah, lá vem a microfonia... (estava até estranhando). "I've seen my head expand".

11. Sowing Seeds - "I see people going down". Gosto particularmente dessa. O clima de "estamos tocando dentro de uma capela (ou no fundo de uma caverna)" é achapante.

12. My Little Underground - Pesada e doce. Veloz e suave. Como outras trocentas canções que essa banda (e só essa) já fez na vida. "Running away/I got something to say/You're in my way/So goodbye yesterday".

13. You Trip Me Up - Outra melodia deliciosa soterrada numa tonelada e meia de microfonia. Até o breve solo de guitarra é uma microfonia só. "Love's like/The mighty ocean/When it's frozen/That is your heart".

14. Something's Wrong - Já começa com um riff matador e com Jim entoando um improvável "duh-ruh-duh". Alguma dúvida de que esses caras são pop até a medula? "Cracked up years ahead are all I see".

15. It's So Hard – Outra porrada. Desta vez William canta, e grita, e agoniza, acompanhando os gemidos, distorções e microfonias perpetradas pela sua ensandecida guitarra. "So it's said/All our life is dead/So it seems/All our life is dreams".

Ufa! Esse post deu trabalho. Então se dê ao trabalho de ao menos comentar que disco mudou a sua vida.

Postado por Nery Nader Jr às 11:35

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sexta-feira, março 04, 2005


Frase De Cinema

"I scream, you scream, we all scream for ice cream!" (Tom Waits, John Lurie e Roberto Benigni em "Daunbailó").

Postado por Nery Nader Jr às 17:02

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O Guia Do Mochileiro Das Galáxias (um dos mais hilários trailers que eu já ri na vida).

Postado por Nery Nader Jr às 09:55

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Adendo: Mais um texto velho, com mais de dez anos. Transcrito do original, com todo o seu mundão de erros original etc e tal.

*****

Hoje Seu Amor, Amanhã O Mundo*



Fred era um moleque muito gente boa, como nunca existiu. Tinha 12 anos, gostava de sorvete de limão e de desenhos japoneses tipo "Patrulha Estrelar". Sonhava em conquistar o mundo. Sua vida mudou num sábado, quando da janela do quarto descobriu que tinha novos vizinhos. E entre eles, Judy.

Bastou dez segundos, um sorriso e um oi da nova vizinha para o surgimento de algo nunca sentido antes. A resposta de Fred veio dezenove minutos depois:

- Oi!

Mas ela não ouviu a tão corajosa reação. Afinal, Fred ainda estava no seu quarto e todo homem é muito macho quando tá debaixo dos lençóis. Só quarenta minutos depois que ele conseguiu falar de novo, desta vez em cima dos lençóis. Como macho.

- Oi!

Fred decidiu que tinha que fazer alguma coisa. A mulher da sua vida acabara de surgir e assim ele não conseguiria nada. No alto de toda sua experiência, Fred desceu da cama, pôs uma camiseta e foi.

- Oi!

E continuou, poderoso.

- Meu... no-nome é F-Fred!, disse em voz não tão firme porém meio convincente mas nem tanto pouco aliás.

- Oi, eu sou a Judy! Que legal conhecer alguém assim tão...

Bonito? Sensual? Legal? Perfeito?

- ... cedo. É que eu sou nova no bairro e ainda não tenho nenhum amigo!

Senhoras e senhores, ele já não era apenas um menino qualquer. Era Fred Savage, o melhor amigo de Judy! O que ele sentia era como se beijasse o céu.

- Você quer ver meu futebol do bairro disputar o time final do campeonato amanhã?

Um convite difícil numa frase desastrosa. Mesmo assim Judy entendeu. E topou.

- Amanhã às duas!, foi o que ela ouviu de longe enquanto Fred voltava correndo pra casa. Direto pra fortaleza das suas cobertas.

O domingo chegou como uma tragédia total. O gol contra de Fred (golaço por sinal) fez do time da rua de baixo o mais novo campeão do bairro. E o pior: todos os meninos do campeonato só tinham olhos pra Judy. Todos.

- Olha que linda, disse Guto.

- Parece uma misse!, falou Tato.

- Ela tá sem sutiã!!!, exclamou Dé.

- Pra quê sutiã? Os peito dela quase fura a camiseta!!!, disparou Bola.

- Será que ela dá?, sussurrou Zito.

- GRRRRRRRR!!!

Foi a primeira vez que Fred batia em alguém. E também a primeira vez que apanhava pra burro. Judy ficou pra socorrer. Era um anjo.

- Estou no céu?

- Seu bobo!

Um anjo não, uma deusa.

- E conquistei seu amor?

- Claro!!!

Desmaiou. Era fingimento, tudo bem, mas também era o mais fácil a fazer. Só que agora além de amigo, ele era o "bobo" dela. Algo que nenhum dos outros panacas do bairro jamais iria ser. Nenhum.

Um mês depois era o aniversário de Judy. Quem foi o primeiro a chegar?

- Feliz aniversário, Judy!

- Brigado, Fred!

Foi naquele dia que a amizade nasceu pra valer. Judy fazia 27 anos e Fred já tinha quase 13. Mais que o dobro e problema algum. Afinal era a dupla dinâmica, a bela e o amiguinho, a mascote e o etcetra. Era mágico.

- Uau!

Passaram a vida os dois juntos reunidos numa pessoa só. Quando Judy casou, foi ele o padrinho. Ela batizou o primeiro filhinho dele. Ele ajudou no divórcio dela. A primeira filhinha de Fred também teve Judy como madrinha. Fred continuava "bobo".

Um dia Judy morreu.

Fred quase, mas não. Preferiu ficar, e ficou bem. Cresceu, ainda adora sorvete de limão e não perde um "Cavaleiros do Zodíaco" na TV. Já conquistou o mundo e continua um moleque muito gente boa, como nunca existiu.

Tá aqui a minha irmã Judy que não me deixa mentir.

*****

* I heard Ramones sing and I heard everything.

Postado por Nego Lee às 09:23

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quinta-feira, março 03, 2005


Pesadelo De Valsa



Depois de criar um clássico instantâneo, conhecido como Sonho De Valsa Branco, a Lacta (ou Kraft, sei lá) põe tudo a perder com o nada a ver Sonho De Valsa Morango. Eca!

Sem falar que a embalagem cor-de-rosinha-bunda-de-nenê se parece demais da conta com a embalagem do Sonho De Valsa Clássico depois de meses desbotando ao relento num canto obscuro a salvo da coleta de lixo. Vixe!

Obs.: Na imagem que ilustra o post você não vai conseguir ver a cor sem graça do tal Sonho De Valsa porque este blog é PB. Ou será tons de cinza? Ah, sei lá.

Postado por Nery Nader Jr às 16:42

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